Sonho Levadiço
Lá,
só mesmo o ranger dos dentes,
qual, som das tábuas velhas,
e a doce recordação
de nossas flores amarelas...
Lá,
uma secreta frustração
das águas desperdiçadas,
dos dedos tesos de tuas mãos,
que não tocaram-me quase nada!
Lá,
no despenhadeiro da vida,
pontes levadiças que não se uniram,
não por falta de querer
senão, por mera preguiça!
Lá,
o meu único refrigério,
será perder a memória,
pra não lembrar-me das
noites, que variei com tuas histórias...
Lá,
de nosso, só o desejo
e o tênue fio de saliva
misturando os nossos gostos
num beijo que guardarei,
ao menos, enquanto for viva!