HOMEMMÍSSEL

Cruza um céu estilhaçado

Mais um arranhão alvejado

Em prontidão, morbidez.

Homem, sempre um ser torturado

No chão, ora obnubilado

Tombado na guerra que fez!

Seus gritos jazem silenciados

Em comunhão decadente,

Demente e tão conivente...

Em nome dum "deus",

Existente?

No Olimpo dos engravatados

Onipotentes endeusados

Corrompem qualquer lucidez.

E na consumada desgraça

Nas terras de pedras tão bélicas

Expressam-se fortes dores famélicas!

A fome de anciãos e crianças,

Mulheres e suas vãs esperanças

Abandonados de vez!

Do seu desumano farrapo,

Recolhem-se os resquícios dos trapos

Rescaldos da insensatez.

Ruínas das mórbidas guerras

E os corpos que tombam na terra

São facas a nos corroer.

À nossa "horroridez":

Não há neologismo inventado

Que acolha o senso roubado

Que sorva tanta estupidez.

Em vil trégua de doze horas

Terror nos escombros do agora

Para se matar outra vez.

Desumana insensatez!

Homemmíssel...cai estilhaçado...

Sangrando no horror seus pedaços

Ao seu alvo que o desfez.

No seu igual céu mais metralha!

Em artilharia cruzada

O fel da sua pequenez.

Não há neologismo inventado

Que acolha o senso roubado

Que sorva tanta estupidez:

Maldita nossa "horroridez"!

Nota :" poesia em luto pelo mundo absurdo"!