Corvo Solene

O hoje o sol não nascerá,

O brilho das estrelas se fará escuridão.

Deitada nesta cama vejo o moinho

As arvores la fora se mexem com o vendaval.

Aneatesio-me com esta cançäo,

Boneca de pano, vestido de trapo.

Brincarei até o entardecer,

Depois procurarei teu abraço.

As nuvens são brancas,

Brancas como o véu da mamãe.

Desculpe-me pai, sinto sua falta irmão,

Mas hoje eu tenho que ir.

Trancafiada nessa gaiola

Sou refém do seu amor,

Aprisionada pelos pés eu continuo a cantar.

Como um passaro sem asas,

Minhas cordas vocais foram suspensas,

Não há veias, nem lamento

Somente angústia, dor e silêncio.

Eu não posso esconder meus demônios,

Eles sempre me acham.

E nessa cruel realidade em que me encontro

Noto a aurora, tão sonhadora e iludida,

Talvez de tras dessas tuas cores

Haja o dono deste corvo solene.

Morpho
Enviado por Morpho em 18/07/2014
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