Corvo Solene
O hoje o sol não nascerá,
O brilho das estrelas se fará escuridão.
Deitada nesta cama vejo o moinho
As arvores la fora se mexem com o vendaval.
Aneatesio-me com esta cançäo,
Boneca de pano, vestido de trapo.
Brincarei até o entardecer,
Depois procurarei teu abraço.
As nuvens são brancas,
Brancas como o véu da mamãe.
Desculpe-me pai, sinto sua falta irmão,
Mas hoje eu tenho que ir.
Trancafiada nessa gaiola
Sou refém do seu amor,
Aprisionada pelos pés eu continuo a cantar.
Como um passaro sem asas,
Minhas cordas vocais foram suspensas,
Não há veias, nem lamento
Somente angústia, dor e silêncio.
Eu não posso esconder meus demônios,
Eles sempre me acham.
E nessa cruel realidade em que me encontro
Noto a aurora, tão sonhadora e iludida,
Talvez de tras dessas tuas cores
Haja o dono deste corvo solene.