Eu preciso...
Há um tanto de mim preso em amarras
Tênues amarras de velhos preconceitos
Uma camisa de força, uma de Vênus
Que alimentam em meu peito os segredos da esfinge
E eu finjo não saber meus mais insanos sentimentos
No turbilhão de vezes que a alma me inflama
E corrói minha carne em loucos desejos
E vorazes pensamentos...
Eu necessito abrir a gaiola
E deixar meu corpo que implora
Ganhar o infinito, rompendo o espaço
Desfazer e (talvez) refazer os laços
Em êxtase de pura entrega
E incontida realização no idílio supremo co'a felicidade...
Eu preciso estampar em meu rosto um sorriso de gozo sem fim
E não o de aparência,
Sereno, solícito e subservil
Eu quero romper as invisíveis amarras
Quebrar a gaiola,... Desvirginar o céu
Mergulhar infinitamente
Em meu desejo pleno
Simples, natural, irracional, quase obsceno...
Eu preciso estampar em meu rosto um sorriso de gozo sem fim
E não o de aparência,
Plácido, estéril, manso e sutil.
Libertar a Afrodite da lápide de meus sonhos mais secretos
Soltar a musa profana dentro de meu peito
Matar todos os mitos que povoam o meu leito
E assumir-me inteira sensual, linda, faceira
Uma fada, uma ninfa, uma feiticeira
Eu preciso estampar em meu rosto um sorriso de gozo sem fim
E não o de aparência,
Mas férvido e selvagem como a te seduzir...