caverna

Se o tempo é crivo pra alma eterna,

Quem ousaria mensurar esse tanto?

se amor é só corpo braços e pernas,

por que deleita-se com poema , canto?

Se a miragem da ilusão é só externa,

Por que buscar abrigo em seu manto?

Agora se alma inclina-se a outra, terna,

Por que negar ao alto custo do pranto?

Se o mero sonho já acende a lanterna,

A realização será melhor, quanto?

Se errar é comum na sina moderna,

Corrigir também é, isso, eu garanto.

Se o medo da chuva te mantém interna,

Ele segue sendo medo, entretanto;

Pois, quando o barco do sonho aderna,

Buscamos refúgio na ilha do desencanto;

Mas, estado de ânimo o tempo alterna,

Um fato novo pode acender o encanto;

se o vaga-lume decidir voar na caverna,

voa, mas, nega sua beleza ao campo...