Meu Poema
Meu poema não se prende
Sob a sombra dos telhados
Ou o cerco das paredes.
Voa livre, corre solto,
Não se aquieta, não se cala
Nas tramas finas das redes.
Descansa ao sol da manhã,
E se põe ao arrebol;
Volta num rastro de estrela,
Renascendo de repente
No miolo de um girassol.
Meu poema cai com a chuva,
Ficando nas poças d'águas...
Reflete o brilho da lua,
Contém a lama das mágoas...
De repente, se desmancha
Em fileiras de sorrisos...
Meu poema sobe aos céus,
Vislumbrando o paraíso...
Mas às vezes, ele desce
Chegando até o inferno,
Ressuscita no verão,
Dá seus frutos no inverno...
Meu poema não tem cordas
Que o prendam a um estilo,
Meu poema é vagabundo,
E não precisa de brilhos.
Voa solto com o vento,
E não corre sobre trilhos.
Meu poema é alegoria,
Revela aquilo que eu sinto,
O que vejo pela vida,
O que calo e o que minto.