Perfume de Fado
No silêncio da minh’alma
Todo meu sentir aguarda
... inspiração...
Não canto o apenas
e tudo aquilo que me traga
O que em mim cheira a pó
cheira a jasmim e solidão.
Canto um fado,
não falo de amores
Falo desta irradiante paixão.
Paixão d’um povo que verseja
Um povo que canta tuas alegrias
Que encanta, com tuas tristes dores
Um povo, que inventou em tua nau
essa tal, Senhora Saudade.
Saudade dorida, que chora
E a espalhou,
por este mundo a fora
Ao som, d’uma garrida guitarra
Que cantava e que chorava
Em meio, a uma lembrança ou outra
d’algum grande e distante amor.
Desmedida e sem razão
Na melancolia dos teus porões
Ó saudade! Saudade sofrida!
Voz inquietante, gaivota a voar
buscando alcançar, a amplidão.
...
Não ando a falar de amores
Mas trago a alma em flores
D’um cantar quase que pueril
D’uma ingenuidade e teus olores
Que perfumam o meu coração