Ah! Um novo raio de sol!
Está casa não é minha
Este lugar já não é meu
Sou alma e tenho pressa
Num corpo que adoeceu
Sou uva a morrer na vinha
que no cacho, a vida esqueceu
Sou pensamento que na boca
a palavra, sem lavra adormeceu
Tuas paredes não me guardam
Já não, me aquecem mais
Há cheiro de bolor e a poeira
Alegrias sem vida, nela jaz
Voam melancólicas notas de solidão
Voam fantasmas sem paz
Mas não há noite, que não se deite
Se em deleite, um novo dia quiser
Emoldurado e a sorrir, se levantar
E se há esse querer e ele
por si é um nó, tão latente
Que esta força, não me deixe só
Que a vida apanhe-me ao vento
E que voemos então!
Com tuas asas singelas
Quando, ela passar, faceira e bela
Ah! Um novo raio de sol!
Pelas frestas das janelas