trincheira
Minhas impotências podem mais que eu
Que até quisera amar a quem não amo;
Nem sempre lancei a semente, nasceu,
A relva mesmo que prepara o seu ramo,
Guardei as armas acreditando que deu,
Mas, não findou a peleja acenar alvo pano...
O cansaço que enviou embaixada de paz,
Traiu ao coração, pois, segue em guerra;
Aquele tenta divorciar-se do que esse faz
E sai em busca de arrego comendo terra,
E o pretenso armistício que ofegante traz,
É apenas à sua pobre ilusão que encerra...
Não ignoro o risco da multa, até de prisão
Se numa vaga furtada estaciono a escolha;
Também não domino o resoluto coração,
Faz o que quer ; decidiu inflar essa bolha;
Nem tenho capacidade pra a restauração,
ele faz o velho sonho, novinho em folha...
A desdita ataca com armas letais, é certo,
Se fosse balas de borracha teria uma saída;
acerta o alvo distante, muito mais se, perto,
o infortúnio não espalha uma bala perdida;
resta a poesia qual trincheira no deserto,
pra suavizar um pouco a batalha da vida...