ÁGUAS
Água lava minha alma
Chuva água mar água onda
Rio segue, água calma
Escura água e tão profunda
Água que vai dar no mar
Que vai matar a tua sede
Espelho da noite do Luar
Não negue a quem pede
Docemente acaricia a gente
Água salgada do mar morto
Da a vida água viva latente
Samaritana água deste poço
Escorre qual o sangue da Terra
Escassa no deserto dos homens
Viajar era preciso, Naus a vela!
Águas que levaram tão longe
Não se pode prever o futuro
Porém o profeta em sua visão
Foi avisado: vai haver Dilúvio
A barca os levou salvos e sãos
Águas passadas não movem
Águas futuras são os sonhos
Mas os corações não sabem
Que não são como moinhos
Jóia preciosa, água cristalina.
Encanto, canta a cachoeira
Sereias, Yemanjás e Janainas.
Na margem canta a lavadeira.
Enormes geleiras derretem
Vestígios nutrem a poluição
Todos sabem mas mentem
Com água suja, lavam as mãos.
Vai virar mar o Sertão
Canudos, mancha na história
De um vermelho-paixão
O mar de um profeta sem glória
Água:
Mata a sede do lobo e do cordeiro
Chove sobre o bom e sobre o mal
Faz brotar da terra frutos perfeitos
Nutre o homem do açúcar e do sal
Uma lágrima é tua forma mais pura
Chorar de tristeza, amor, alegria até
Suave água; porém força insinua:
FÉ, Quando fura aos poucos pedra dura
O coração, às vezes, em chamas
Incendeia, é fogueira a iluminar
Acendendo dentro de quem ama
Fogo que água não pode apagar
Som que acalma ou deixa aflito
Corredeiras perigosas, turbulentas
Calmaria num mar azul infinito
Água, fonte de inspiração do poeta.
Rio Jordão de Águas santas
Batismo com água, perdão.
Nem mesmo das sandálias
Amarrar dignos os homens são.
Daquele que com fogo perdoa
E que queima na sarça ardente
De Água Viva que jamais escoa
Eterna água que Jesus é fonte!