Cidades

Florestas de cimento, encheis meu horizonte,

De um vazio estonteante, assimétrico,

Quero apenas cardos e giestas pela frente,

Banhar-me em água cristalina, frenético.

Porque tenho de viver acompanhado,

De mil figuras ridículas e mesquinhas,

Quem me dera andar por aí largado,

Correr por montados, campas minhas.

Coberto de sombras sem luz natural,

Definho encarcerado em quatro paredes,

Anseio por céus estrelados e odor natural,

Longe destes fétidos e repugnantes enredos.

Inalo o cheiro a terra molhada,

Como se fosse a última vez,

Aguardo a derradeira alvorada,

Em que me entregarei de vez.

Lx. 1-6-1995

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 11/06/2014
Código do texto: T4841128
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