Cidades
Florestas de cimento, encheis meu horizonte,
De um vazio estonteante, assimétrico,
Quero apenas cardos e giestas pela frente,
Banhar-me em água cristalina, frenético.
Porque tenho de viver acompanhado,
De mil figuras ridículas e mesquinhas,
Quem me dera andar por aí largado,
Correr por montados, campas minhas.
Coberto de sombras sem luz natural,
Definho encarcerado em quatro paredes,
Anseio por céus estrelados e odor natural,
Longe destes fétidos e repugnantes enredos.
Inalo o cheiro a terra molhada,
Como se fosse a última vez,
Aguardo a derradeira alvorada,
Em que me entregarei de vez.
Lx. 1-6-1995