TRIGÉSIMO ANO

E no dia de completar trinta anos

Em direção ao desconhecido,

E o vento vindo do porto

E da praia mais abaixo

Quebrando suas ondas uma a uma

Trazendo os ouriços

E estrelas do mar,

As garças voando baixo

Antes de partir,

Asas acenando

Seu adeus da manhã.

Junto com a cadência religiosa das águas

O voou e o grasnar das avez,

Observo já emudecido

Os barcos voltarem do mar

Com suas redes enroladas.

Me virei e caminhei

Sem destino

Nas ruas sonolentas

Da cidade adormecida.

O meu dia iniciou com a insônia

Da noite anterior

E o voou de avez marinhas

Pela manhã

E as árvores sacudiam

Suas últimas avez

E o esvoaçar da revoada

Pareceu na alvorada

De súbito

Desenhar meu nome!

E levantei-me

Foi quando densas nuvens

Surgiram no horizonte

E se mostrou exato

O tempestuoso junho

Ao dia do meu aniversário.

E caminhando sigo

Sobre esses meus dias inundados de solidão

Por todo esse aguaceiro de mágoas.

A chuva mergulhava na ondulante maré alta

E a estrada se perdia

Acima da divisa que eu seguia,

Sonhos aconteciam

Com as portas das casas

Ainda fechadas

Enquanto as pessoas despertavam.

E ao caminhar me afastava pouco a pouco

Daquele ar tempestuoso

Do céu que já se transfigurava num azul matizado,

Nascia de repente

Um inesperado verão

Com seu sol, folhas e clorofilas,

Árvores frutíferas e crianças correndo em seu ouro

E no rodopiar do tempo daquelas horas

Via tão claramente quanto essas crianças,

Todas aquelas manhãs já esquecidas

Onde um garoto brincando

Sobre o terno olhar da mãe

Que o via brilhar sob a luz solar matinal.

E eram lembranças da infância

E me invadiu mais uma vez

Suas lágrimas me queimavam o rosto

E o coração, comprimia-se

E se enternecia em confusão.

Essa era a praça, com seu bosque

Onde um garoto corria, e gritava

Para ouvir seu eco,

Sussurrando seu êxtase sobre o verão

Todas as árvores, os pássaros, as rochas o mar,

E com toda essa contemplação,

Faziam mavilhar-me com meu aniversário,

Que se perdia na velocidade do tempo ao meu redor.

E enfim, a real alegria de uma criança

Sem segredos ou mistérios, era vivido novamente.

No dia de completar trinta anos

Rumo ao desconhecido,

O céu parecia concreto e inerte no verão desse dia

Ainda sim todos viviam cobertos de sonhos impossíveis no ouro do verão.

Oh, pudera essas memórias e euforia

Não tornar a acontecer

Ao pé desse mar

Nos próximos anos.

Tomb
Enviado por Tomb em 09/06/2014
Reeditado em 09/06/2014
Código do texto: T4839040
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