CORPO AO SOL

Meu corpo deita-se ao sol, com a ramagem

Aleitada e esquecida nos aclives da vida

Aqueço-me e deixo que me dourem os pelos

Pareço um musgo redivivo na paisagem infinda

A linha da tarde voa, a natureza desperta, tudo ama

Mas meu ser este intruso por entre os arbustos

Repousa sem notar os afagos da bruma serpenteando

O alto da encosta, os vales de pedra e seus segredos

Minhas narinas se abrem e se fecham, estou vivo

Neste oceano de ar e luz estonteantes que me rodeiam

Sou um ser estranho como uma pequena tatuagem

Desenhada no dorso da terra, ao sabor do tempo

Porém nada existe por acaso, tudo tem um sentido

Assim a solidão existe para que a alma se purifique

Ervas brotam para ocultarem os desertos dos olhos

E a vida usa o truque da semente para se perpetuar

Enquanto durmo, o tempo corrosivo segue mudando

As superfícies de todas as coisas e dos homens

Estourando favas deixando cair as sementes

No eterno ciclo que entremeia a vida e a morte!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 31/05/2014
Reeditado em 21/01/2020
Código do texto: T4826900
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