SEVEN
Gula que abomino e ainda me prende
Sabores, visões que são meus grilhões
Peso mais que físico das correntes!
Querem alimento as minhas paixões.
Avareza que me torna tão rico e poderoso
Querendo cada vez mais, e mais; mais ter.
Tolo, que tudo quer, sempre muito ansioso,
Não vejo nada alem do meu ambicioso querer.
Soberbo e arrogante, tudo sei e posso tudo
Nada preciso aprender alem do que já sei
Sou o senhor e ironizo o que é Absoluto
Nada existe alem do que julgo a minha Lei.
Inveja da qual padeço e não percebo, talvez.
Tão infeliz que sou afundado na miséria
Do espírito alquebrado em mesquinhez
Triste parasita, sou do mundo uma pilhéria.
Preguiça me toma e assim permaneço
Esquecido que a vida segue em frente
Se posso ficar onde estou; agradeço!
Preso na comodidade imaginaria da mente.
Luxúria a qual me escravizo de bom grado
Imbecilidade que deturpa os sentidos...
Ferro e fogo marcam meu sangue, como gado.
Alucinado, desejo e fome fecham-me os ouvidos.
Ira cega, ira fria, ira onde volto a inteligência
Contra mim mesmo, grande e trágica ironia.
Penso ser racional humano em plena essência,
Não me vejo insano, bestial nessa fatal fantasia.