Bipolaridade do dia a dia
Pode acertar quem me chamar de bipolar
Pois todo dia eu passo, por altos e baixos
De manhã eu acordo meio travado e torto,
Espreguiço, me concentro e me conserto.
Se eu encontro um sorriso já eu me alegro,
Mas se vem um julgamento então me fecho,
Vejo aves, árvores e flores, me pego sorrindo
E minha tez acinzenta, se for tudo de cimento.
Leio um livro, me distraio com uma boa ideia
Leio os jornais e as mentiras me esfacelam
Ouço uma boa música e me levanto de novo
Então alguém buzina no meu ouvido, tá louco
Amo o meu trabalho que não me paga nada
Mas só encontro dinheiro no que me adoenta
Me contento com aqueles que se encontraram
E entristeço com os perdidos que só procuram
Feliz, eu aprecio todas as expressões artísticas,
Torço o nariz com asco da massificação consumista,
Me encho de esperança pelas crianças da Terra,
Desço às trevas quando começa mais uma guerra.
Assim é uma rotina diária que eu acho normal,
Descobri que o sistema me causa efeito colateral
Mas alguns insistem que eu devia virar um robô
Preferiam que eu colasse um sorriso falso no rosto
Me desculpem todos a quem eu causo desagrado
Pois enquanto eu respirar, viverei como ser humano
Vou filosofar com emoção enquanto tiver coração,
É assim que eu vivo, e não tenho mais vergonha disto.