Bipolaridade do dia a dia

Pode acertar quem me chamar de bipolar

Pois todo dia eu passo, por altos e baixos

De manhã eu acordo meio travado e torto,

Espreguiço, me concentro e me conserto.

Se eu encontro um sorriso já eu me alegro,

Mas se vem um julgamento então me fecho,

Vejo aves, árvores e flores, me pego sorrindo

E minha tez acinzenta, se for tudo de cimento.

Leio um livro, me distraio com uma boa ideia

Leio os jornais e as mentiras me esfacelam

Ouço uma boa música e me levanto de novo

Então alguém buzina no meu ouvido, tá louco

Amo o meu trabalho que não me paga nada

Mas só encontro dinheiro no que me adoenta

Me contento com aqueles que se encontraram

E entristeço com os perdidos que só procuram

Feliz, eu aprecio todas as expressões artísticas,

Torço o nariz com asco da massificação consumista,

Me encho de esperança pelas crianças da Terra,

Desço às trevas quando começa mais uma guerra.

Assim é uma rotina diária que eu acho normal,

Descobri que o sistema me causa efeito colateral

Mas alguns insistem que eu devia virar um robô

Preferiam que eu colasse um sorriso falso no rosto

Me desculpem todos a quem eu causo desagrado

Pois enquanto eu respirar, viverei como ser humano

Vou filosofar com emoção enquanto tiver coração,

É assim que eu vivo, e não tenho mais vergonha disto.

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 24/05/2014
Reeditado em 22/08/2015
Código do texto: T4818684
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.