PEDI UM ROSTO

A noite pedi um rosto, chegou-me o teu,

Noturno, assim

Com misteriosas suplicas nas pupilas.

Será que te vi num carro,

Ou na rua, num café, segunda-feira,

Numa calçada solitária ao meio dia?

Por que não me dizes o que há

Em seu silêncio,

Aquele cujo olhar,

Fala-me de solidão.

Oh, perco-me de mim,

Tão rápido...

Pensando na sua coragem,

E determinação,

Que esqueço as minhas,

Sempre tão adiadas...

Imagino teu rosto

Como um convite ousado

A uma fuga perigosa,

E essas minhas mãos

Parecem conhecer-te já,

E desenham no ar o teu caminhar.

Por que andou tão rápido,

Antes de sumir o espaço à sua volta?

Estás tão distante...

E ao ler tuas palavras e versos,

Comparo minha voz a tua,

A tua voz é uma corda,

Firme, segura,

Enquanto a minha,

Um fio a quebrar-se.

Tomb
Enviado por Tomb em 20/05/2014
Reeditado em 20/05/2014
Código do texto: T4813896
Classificação de conteúdo: seguro
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