PEDI UM ROSTO
A noite pedi um rosto, chegou-me o teu,
Noturno, assim
Com misteriosas suplicas nas pupilas.
Será que te vi num carro,
Ou na rua, num café, segunda-feira,
Numa calçada solitária ao meio dia?
Por que não me dizes o que há
Em seu silêncio,
Aquele cujo olhar,
Fala-me de solidão.
Oh, perco-me de mim,
Tão rápido...
Pensando na sua coragem,
E determinação,
Que esqueço as minhas,
Sempre tão adiadas...
Imagino teu rosto
Como um convite ousado
A uma fuga perigosa,
E essas minhas mãos
Parecem conhecer-te já,
E desenham no ar o teu caminhar.
Por que andou tão rápido,
Antes de sumir o espaço à sua volta?
Estás tão distante...
E ao ler tuas palavras e versos,
Comparo minha voz a tua,
A tua voz é uma corda,
Firme, segura,
Enquanto a minha,
Um fio a quebrar-se.