À MERDA COM A FILOSOFIA

Ler, pensar,
alimentar-se da, e com, a palavra,
sem demasiadas preocupações
com os inevitável erros
das conjecturas;

existir,
ou fazer com que
as coisas nos existam,
conforme nossos abnormais
modos de ver;

voar sem asas
por inaugurados céus fulgurais
e beijar a lama suja
das quedas;

assoberbar-se
com o verbo volátil em haste
e calar-se ajoelhado
perante o sacro;

manter uma família,
casa, carro e amigos ideais,

sem se deixar levar
– além de um breve suspiro ao rostro rubro
pelas dores dos que estão
no cu do mundo;

trabalhar, sim, claro,
que só com grana se pode
freudianizar melhor

 à calada das cernientes sombras,
ou entre as paredes fechadas
e um quarto moteleiro 
–,
queimando e queimando-se
com desejos, perjuras
e porras.

Quer saber de uma coisa?

Às favas com a filosofia,

que dos sapiens são – e a ele servem
todas as imagens e coisas
do desalinho;

e pelas trilhas da vida,
enfim, tudo acaba mesmo
é nos servindo, inexoravelmente,

às ominosas querências
do senciente ego.

Péricles Alves de Oliveira

 
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 07/05/2014
Reeditado em 07/05/2014
Código do texto: T4797626
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.