Metade do que fui

Ás vezes olho pra dentro de mim e não me enxergo, é como se mergulhasse dentro de mim mesma e quanto mais profundo fosse mais longe estaria mais longe de chegar. Ás vezes me olho no espelho, nem sempre reconheço a pessoa que está do outro lado, e nas vezes que em lapsos de memória me reconheço, nem sempre o vejo o me agrada. A mesma face, já não mais o mesmo semblante, o mesmo olhar, porém não mais a intensidade que o expunha, as mesmas mãos, sem as reais forças, os mesmos sonhos, pouquíssimos sonhos, sem a mesma vivacidade, alguns nem se encontram mais ali, outros carregam a redenção das lutas passadas, outros, a sombra dos que ficaram ao longo do caminho, perdido em alguma curva. Teve ainda os que foram jogados fora, pela pressa do vento e o lamento do tempo. Uns criaram asas que nem mesmo foi possível detê-los, muitos foram esquecidos e parte de mim não existe mais perdeu-se por entre as frestas do esquecimento, hoje sou metade do que um dia fui, lamento decepcionar-me, mas não fui capaz de me auto conhecer, nem de me reconhecer, muito menos de conseguir salvar todos os meus sonhos.

Marcila Almeida
Enviado por Marcila Almeida em 29/04/2014
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