EU ESTRANHO
Sinto-me um estranho nesse lugar,
É inútil procurar,
Nada me representa.
Corro,
Subo as escadas apressadamente,
Todos os andares,
Com a terra a se abrir,
Ávida a agarrar-me os calcanhares.
Não pertenço a aqui,
Muito menos sou de lá,
Perdir-me desde a infância,
Por intrínsecas, indecisas ruas,
Ou becos de esquinas sem saída.
Como o novilho na frente do lobo,
Vi-me a mercê de presas assassinas.
Todos os lugares do mapa,
Abominam minha presença,
Em suas pátrias,
Relegam-me insensíveis,
A que lugar?
Observam facínoras,
A presa que luta ainda,
Presa na teia,
Essa que não se liberta mais.
Prenderam-me em uma noite infinita,
De horrendos lugares,
Oh, lugar nenhum.
A ouvir meus silentes desabafos,
Gritos inaudiveis de ecos abismais.