ENTRE NÉVOAS
O que somos nós diante da realidade da vida?
Uma folha em que se escreve poemas
Uma estrada onde sonhos andarilhos desfilam seus passos incertos
Onde se constroem casas, edifícios, campos de solidões
Onde montanhas de desejos nascem e se esfarelam
Somos infinitos, gigantescos em nossos voos
No meu inconsciente cabem mais prédios que toda Manhattan
Cabem mais pensamentos que abrigam todos os livros
No entanto é apenas meu inconsciente
Dentro dele, oceanos inteiros soçobram inutilmente
Meus universos se dissipam no final da tarde
Todos inúteis
Embriaga-me mais as horas vazias e seus silêncios tétricos
Que toda bebida do mundo
No entanto este silencio pode ser poesia
Esta imperturbável companheira
Que gravita em torno de mim
Bêbada de sonhos
Segurando sua garrafa de rum
Entre as névoas e inspirações.