QUEBRA O ESPELHO BABY


Olha no espelho e contempla sua nuca
sua face de costas pro desespero...
Quem é você nesse torto meio?

O que tem hoje pra vestir?
o que vai cantar de novidade?
o que você tem hoje pra dividir?

Uma roupa usada?
uma canção cansada?
migalhas de uma mesa farta?

Quem é você se não um mero fantasma...
Me diz baby...
vai esvaziar o tinto e engolir comprimidos?
vai querer só o mel do amor indômito ?
Não quer beber um copo do vômito?

Me diz quem é você
Sabe falar baby?
tem voz pra isso, ou o som é escondido
com seu rosto
com sua potência?
Já provou da morfina e sua dormência?

Quem é você por trás deste plástico
uma forma disforme que dos olhos escapa
Um livro lindo de se ler... Mas de folhas brancas...
De belo só a capa...

Você tem vontade de quê?
Você come o que quer comer?
bebe o que pede sua sede
ou cede por masoquismo em obedecer?

Você existe ou já é miragem?
No capitalismo moderno
quem comprou seu carro?
quem te paga a passagem?

Você existe ou é enganos
No mundo dos amores falsos
quem te ama, ama ou mente embaixo dos finos panos?

Você é o que come o que bebe
o que te serve...
Uma foto, um retrato detalhado
Então baby... Já esvaziou um tinto
já quis dormir enquanto o diabo prende sua pálpebra?
Você ainda está acordado?

O que vai vestir?
O que vai usar?
O que é seu de verdade?
O que vai amar?

Afunda então baby nessa vida de falsidade
e quando o circo parte para outra cidade
a pintura do palhaço fica nos esgotos...

Que desgosto... Oh! Deus... Que desgosto!

Mas não chore, não é belo um rosto marcado
por um rímel borrado...
Não chore para não esburacar o gesso...
não se mexa tanto pra não cair a kabuki

Não pense que não me entristeço...
Pois quem vai ficar
se você viver o que te vem de berço?

Oh! Pobre menina
Não chora...
Ele ainda não toma Morfina!

A gente precisa de amor
precisa de calor
de mãos estendidas para o mundo
Que dando de si mergulhe fundo
precisamos de almas ativas
responsáveis pelas almas que cativam...

A gente precisa de verdade
mesmo que ela não seja encantadora como as quimeras
O homem sente prazer na liberdade
na humildade em saber que sendo tudo nada é...
Tudo acaba, e o rastro não permanece, se apaga
no coração que deixamos marca...

Acorda baby o tempo passa e os sonhos esmorecem com o corpo
e o que restará do coração, que em desuso, vai está caduco
perdido, sem chance, sem rumo?
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 17/04/2014
Reeditado em 17/04/2014
Código do texto: T4771957
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