RECORDANDO O FUTURO
Conscientemente escrevo e
Medito os meus dias
Na marcha lúgubre do tempo,
E passam os anos...
Transcorre como um rio sem destino
Que deságua no inexorável mar
Do esquecimento.
Até que uma pessoa,
Um possível leitor
Encontre tal lauda
E displicentemente a lê,
Por mera casualidade
Sem saber porquê,
Apenas lê.
Observando talvez
O tom do verso que ressoa diferente
No seu distinto ouvido;
Ora sorri ora discorda
Dos termos usado pelo poeta
Onde agora as traças do tempo
Desmancha o papel a mofo;
E quase se encanta ao ver sentido,
Naquele irrelevante verso antigo
Aquela rima imóvel, exumada
No limbo do poema.
Na mutação surreal dos sentimentos
Tudo se modifica.
O amor e a dor tem novas falas,
Suaves mentiras,
A esperança se disfarça,
A chuva queima o fogo afaga.
Tudo exposto e estendido
Numa página curiosa
De um mundo esquecido, ultrapassado.
E foi tudo que ficou,
Tudo que restou,
Deste ser que entre outros
Também vagueou,
E jamais se encontrou,
Sobre a Terra.