Voz de dentro
não há poética
tampouco palavra
pejada de admiração
não há a palavra que beija,
acaricia e deseja
não há Tesão!
não há prosa,
não há cor
não há dor...
período ou oração,
não há verso,
não há estrofe
o arco-iris lá não brotou,
não há horizonte,
só terra árida,
fome, sede...
falta água,
falta água,
falta aguar!
nesse veio não há festa!
a veia não salta,
caatinga é o que resta,
falta água,
falta água
falta aguar!
há um eclipse,
sem corpos, sem choques estelares,
há abismo entre extremos,
há o que não há - o vácuo,
o vácuo há!?...
há braço que não alcança,
há toque sem som,
Ah, não há falta de ar!
antepõe-se o final
o qual, rasga o brilho d`olhar!
a poesia dá asas de sonhar!
a impregnar a existência,
tal a poética daquela voz,
nela há asas de Ícaro...
há ária naquela voz,
palavra-afago, palavra-pena,
covardia, pena!
poema-árido, prenhe de solidão
somente naquela voz...