Olheiros
Em zigue-zague, cá e lá, tantos olhos nus,
Aguardando a ponta do sol,
Que vai nascer num mote distante
De um lugar nenhum.
Não importa!
Como sossegos que assustam morcegos
Escondidos em cavernas, companheiros dos sentimentos tímidos;
Alma cálida daquela paixão nada passageira,
Derramando na veia, demudando o que corre no corpo
Da sola do pé ao topo
Vinho tinto – vinho do Porto...
Saboreia.
Seu lugar à mesa não está vazio,
É seu disponível - é seu abrigo
Inimigo e amigo do seu espírito
Em plena consciência da compaixão...
Humildade.
Venha fartar-se tão breve
Nessa mesa ou naquela
Na panela de quem se atreve.
Venha sentar-se tão logo
Nesse ou naquele colo
Ou no solo frio do chão.
As torradas estão prontas, saltam da torradeira,
Na hora exata de derreter a manteiga;
O aroma intenso do inexperiente mel
Espalha-se pela mesa
Junto com as tintas de um novo artista
Que os olheiros cobiçam.
André Anlub®
(2/4/14)