EVENTO

Desolado, penso: “demora, e não esqueço”.

Venho de circundar o mundo, no / trono

da insensatez declamo passageiro:

- de descontinuidade padeço.

A alma de um espelha a humanidade inteira.

- todo brilho é um instante.

O tempo que habita o coração é / como

a traça que fia construir sua morada / perfurando

tecidos: deixa sua marca, cava passagem...

Para a traça a ruína é casa, para o coração o tempo não passa.

Vejamos...

Se profunda na carne a marca não some,

Se o evento ou fato é mal distante então a dor não se mostra.

Mas se habita, companheira cada / pensamento

torna-se, para a vida inteira, ferida que não sangra.

Ora! Meus pensamentos sangram, têm ritmo no pulso.

Duram no tempo mesmo se durmo...

- são estrias abertas na pétala rosa,

são fagulhas, palavras na órbita do engano.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 01/04/2014
Reeditado em 24/06/2014
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