EVENTO
Desolado, penso: “demora, e não esqueço”.
Venho de circundar o mundo, no / trono
da insensatez declamo passageiro:
- de descontinuidade padeço.
A alma de um espelha a humanidade inteira.
- todo brilho é um instante.
O tempo que habita o coração é / como
a traça que fia construir sua morada / perfurando
tecidos: deixa sua marca, cava passagem...
Para a traça a ruína é casa, para o coração o tempo não passa.
Vejamos...
Se profunda na carne a marca não some,
Se o evento ou fato é mal distante então a dor não se mostra.
Mas se habita, companheira cada / pensamento
torna-se, para a vida inteira, ferida que não sangra.
Ora! Meus pensamentos sangram, têm ritmo no pulso.
Duram no tempo mesmo se durmo...
- são estrias abertas na pétala rosa,
são fagulhas, palavras na órbita do engano.