O FAROL
Aurora,
A estranha luz mágica
Que me atinge os olhos,
Revelando-me o dia
A praia o mar.
Sonolentas ondas quebrando
E o vôo das gaivotas,
Encobertos com o brilho da manhã
Trazem-me sua imagem em sonhos.
E se estivessemos unidos,
Voando com esses pássaros,
E se fossem nossos passos,
Esses que somem de vista
Na areia.
Tivemos essa chance?
Disperdiçamos?
Nunca tivemos?
O que houve com a gente?
Revivo essse sonho utópico,
Surge-me relapso,
Como aquele navio
Sumindo no horizonte,
Envolto na vertigem
Névoa do passado,
As recordações emergem
Como as ilhas mais a frente,
Neblinas fantasmagoricas,
Imutáveis rochas das distâncias.
O sol se foi,
Imperando em seu lugar
Uma noite sem estrelas.
- ah, olha a noite q'eu temia
E seu infrene vento...
É de um delírio que recordo
No exato sobressalente momento,
Vejo seus lábios se moverem
Mas não ouço o que diz...
Ah, eu nunca quis te magoar,
Mostre-me seu caminho pelo mar,
Eles não se importam com o que sinto,
Ninguém consegue perceber.
E a febre me queima novamente,
A mesma da infância,
Da última vez que te vi,
Então partias.
É com essa visão fugaz
Que tudo se dissipa,
Eu sofro,
E de canto do olho eu via,
Você ia com os passaros da manhã,
E o sonho acabava,
Seus passos sumiam no horizonte,
Fantasmagoricas imutáveis distâncias.