FOLIA DE REIS
Como um estranho desvario
de Nietzsche,
ou uma bela sinfonia
de Mozart,
como uma sublime oração
de Pe. Marcelo,
ou uma desbocada poesia
de Bocage,
como algo qualquer,
inaugurado por meus incautos
semelhantes
sapiens;
vou-me escorrendo
por aí
– talvez jogado
em um mundo de coisas
como o apregoado
por Heidegger,
talvez com um supremo
poder de escolhas
como o regozijado por
Sartre –,
ora em águas, sonhos
e sangues,
ora em luzes, brumas
e sombras;
a violar o apagamento,
coabitado
com minhas inalienáveis
senciências,
mas tão somente
enquanto me perdurar
na vil ponte
de minha abnormal
existência.
Péricles Alves de Oliveira