Eu trago comigo umas dores muito antigas
De pernas compridas
E braços gastos, feitos em pedaços
Doentias...
E trago porque não pude abandoná-las nas esquinas
Nas sarjetas
Nos becos sem saída
Nas beiras de rios
Na vida...
(E como queria!)
Eu tento acender umas lembranças quase extintas
Véus,
Missais
Garagem
Papa-capim
Domingos
Quintais
Risos e alegrias...
Eu trago todos os dias enrolados nas noites infindas
E trago forte essas enfumaçadas noites
Como um último cigarro
Um último gole
Como um último suspiro...