O PALHAÇO QUE FINGIA SORRIR
Foi um pobre palhaço sempre embriagado,
Foi de tal tristeza e vivia fingindo o sorriso,
Triste figura que se ia deitar num encerado,
Que olhava um abismo como descontrolado.
Relembra quando sóbrio: já fui apaixonado!
Foi quem foi, sem saber o que era maldade;
Por seu imenso amor, traído e abandonado,
Único traço enfim restante, de sua verdade.
Vou-me desta vida, talvez riam do que faço,
Ouvirei aplausos? Talvez seja isso do agrado:
Pois já não sou eu um morto-vivo - o palhaço?
Um palhaço morto fantasiado, que gozado...!
E lembrando o amor, a traição inexplicável...
Talvez pelo nonsense da tristeza versus riso:
Atiro-me pendurado, ao abismo insondável,
Aves de rapina cumprirão faxina a seu juízo!