QUE PALAVRA?

Não sei quantos textos,
discursos ou poemas

sobre a palavra

já li desses missionários,
menestréis e arlequins
filhas da puta;

nem sei
quantos amores
e esperanças
construídos em sílabas
de cetim

ou quantas guerras
e mortandades,
germinadas com imperativos
impiedosos,

já vi se emergindo
das alvas e das falésias
desses neandertais
filhas da puta.

Na verdade,
dessa estranha revolução
de cores e imagens,
nada mais há na palavra
que a mísera condição
de seus carpinteiros
fantasiados,

a ondularem entre

o poema e o sermão,
a jura e a perjura,
a luz e a sombra,
a vida e a morte.

Refreti-vos, cabras sapiens
e cães letrados;
acalmai-vos, vermes engravatados,
e cadelas agraciadas,

antes de vos pronunciardes
sobre esses mal traçados
mas sinceros versos,
que também se fizeram
de faustas palavras vadias.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 28/02/2014
Reeditado em 28/02/2014
Código do texto: T4710379
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