QUE PALAVRA?
Não sei quantos textos,
discursos ou poemas
sobre a palavra
já li desses missionários,
menestréis e arlequins
filhas da puta;
nem sei
quantos amores
e esperanças
construídos em sílabas
de cetim
ou quantas guerras
e mortandades,
germinadas com imperativos
impiedosos,
já vi se emergindo
das alvas e das falésias
desses neandertais
filhas da puta.
Na verdade,
dessa estranha revolução
de cores e imagens,
nada mais há na palavra
que a mísera condição
de seus carpinteiros
fantasiados,
a ondularem entre
o poema e o sermão,
a jura e a perjura,
a luz e a sombra,
a vida e a morte.
Refreti-vos, cabras sapiens
e cães letrados;
acalmai-vos, vermes engravatados,
e cadelas agraciadas,
antes de vos pronunciardes
sobre esses mal traçados
mas sinceros versos,
que também se fizeram
de faustas palavras vadias.
Péricles Alves de Oliveira