SENCIÊNCIAS, PERCEPÇÕES E APAGAMENTO
Onde está o menino
que fui
entre as peladas
de rua
e as brincadeiras
de razões nuas?
Não se esforcem
para pensar no menino
que fui,
nem para relembrar o menino
que foram.
Eles morreram
ou inexistem
no que hoje somos,
como inexistiremos
no que amanhã viermos a ser
ou a não ser.
E eu gastei tão pouco
nesses versos cinzas,
que parecem filosóficos,
premonitórios e praguejosos,
só para dizer
que nunca somos
o que pensamos ser,
mas estamos aprisionados
– abnômala e despercebidamente –,
em passagem por um tudo
que desemboca no mesmo lugar:
entre as coisas que há
e que são, estas sim,
sem nossas vis percepções.
Péricles Alves de Oliveira