SENCIÊNCIAS, PERCEPÇÕES E APAGAMENTO

Onde está o menino
que fui
entre as peladas
de rua
e as brincadeiras
de razões nuas?

Não se esforcem
para pensar no menino
que fui,

nem para relembrar o menino
que foram.

Eles morreram
ou inexistem
no que hoje somos,

como inexistiremos
no que amanhã viermos a ser
ou a não ser.

E eu gastei tão pouco
nesses versos cinzas,
que parecem filosóficos,
premonitórios e praguejosos,

só para dizer
que nunca somos
o que pensamos ser,

mas estamos aprisionados
– abnômala e despercebidamente –,
em passagem por um tudo
que desemboca no mesmo lugar:

entre as coisas que há
e que são, estas sim,
sem nossas vis percepções.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 28/02/2014
Reeditado em 28/02/2014
Código do texto: T4710357
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.