A noite

No escuro da noite as coisas ficam mais claras, talvez por gostar das coisas mais claras no escuro da noite. Não ficam às claras, as dúvidas ficam palpáveis e questionáveis melhor sob o breu.

São tantas as janelas com luzes apagadas, percebe-se que estamos no mês de férias pelo escuro das vidraças do edifício.

O silêncio é pros perturbados que deleitam-se de pensamentos escabrosos. Pela basculante avista-se no longe a penumbra dos perdidos, esquecidos, condicionados à escuridão.

Ouve-se passos, gemidos de prazer, a noite embriaga, dá barato se pensa melhor.

Reflete-se tudo o que foi dito, o dito pelo não dito, o peso das duas palavras, o descarte do que já foi louvado, o desentendido sobre o imponente alarde, o que já foi atrativo de olhares.

A noite diz que tenho que mudar e isso exige crescer, a noite me faz chorar e me moraliza, a noite apresenta caretices e cretinices.

A noite não mais me abriga, não ouço passos , a noite eu ouço a voz da consciência que me condiciona à solidão. A noite precisa virar dia

Não é sempre que a noite termina bem, pode ser que o dia nem comece.

Distribuindo beijos e estripulias, a noite ferrou meu sono. Me alivia saber que já é meio dia.

Eduardo De Caneda
Enviado por Eduardo De Caneda em 28/02/2014
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