COMO SABEREMOS ?
Juliana Valis




Como saberemos em quais luas

O amor se decompõe entre átimos de esperança ?

Quantas paixões, entre tantas ruas,

Não se perdem apenas na lembrança

Como réquiens do infinito ?




Viver não se resume à vastidão de um grito,

Ou de um sonho que o coração perfaz

Na linha tênue do dia mais aflito,

Como resquício de uma breve paz

Que leve luz e sombra ao verso sempre dito,

E sempre escrito na ilusão voraz...




Não, não sejamos tão ríspidos quanto as horas,

E tão insípidos no pranto mais incauto,

Como versos lívidos que, sem demoras,

Estarão dispersos neste sobressalto

De nunca sabermos já quem somos,

Sempre sombras de um sonho só, contralto ?




E tudo é tão intrépido quanto a tempestade

Do amor voraz na vastidão do nada,

Estrada humana que o coração invade,

Como potestade do sonho que nos brada !