"Poeta Duvidoso"
Vez em quando, quando muito se espera
De poucos brotos que se têm, flores mil,
Das paixões vividas, amor que seja febril,
Perdemo-nos no turvo que o abismo revela,
Invade o corpo e o mesmo corpo arrasa,
O denso ar da culpa que adentra o peito,
E corrompe em tristeza o descanso em leito,
E inquieta a alma como palha em brasa,
Dói uma dor que deveras viril,
Incita um caminho, caminho sem jeito,
De pedras cortantes e duros preceitos,
Sem pausa, descanso, ou mesmo ferio,
É então que se coloca a duvidar
O poeta que as palavras escolheu,
Como cúmplices das derrotas que viveu:
Por amor viver ou por viver, amar?
(Bruno Mariano Cavina)