"Poeta Duvidoso"

Vez em quando, quando muito se espera

De poucos brotos que se têm, flores mil,

Das paixões vividas, amor que seja febril,

Perdemo-nos no turvo que o abismo revela,

Invade o corpo e o mesmo corpo arrasa,

O denso ar da culpa que adentra o peito,

E corrompe em tristeza o descanso em leito,

E inquieta a alma como palha em brasa,

Dói uma dor que deveras viril,

Incita um caminho, caminho sem jeito,

De pedras cortantes e duros preceitos,

Sem pausa, descanso, ou mesmo ferio,

É então que se coloca a duvidar

O poeta que as palavras escolheu,

Como cúmplices das derrotas que viveu:

Por amor viver ou por viver, amar?

(Bruno Mariano Cavina)

Bruno Mariano (Gardeniro)
Enviado por Bruno Mariano (Gardeniro) em 30/04/2007
Reeditado em 21/07/2009
Código do texto: T469635
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