POR ENQUANTO, SOMOS O ESPETÁCULO

Às madrugadas
silentes,

em que a angústia
me priva
do sono inocente,

costumo escrever
algumas linhas
sinuosas,

sempre ao olhar
ciclope da lua,
e ao assanhamento piscante
das estrelas,

para não me
esquecer
do quanto sou
pequeno

diante da incomensurável
imensidade
das coisas que há,
sem meu fausto
olhar,

e de que tudo
– até as minhas mais
profundas dores –

um dia,
não passará de ecos
perdidos
num infinito mar de átomos
rearranjados,

onde o único
espetáculo que haverá
será ao ocaso
do frio apagamento,

sem as senciências
da existência
sapiens.

Péricles Alves de Oliveira

P.S. As mesmas estrelas talvez ainda estejam lá.

 
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 06/02/2014
Código do texto: T4679952
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