POR ENQUANTO, SOMOS O ESPETÁCULO
Às madrugadas
silentes,
em que a angústia
me priva
do sono inocente,
costumo escrever
algumas linhas
sinuosas,
sempre ao olhar
ciclope da lua,
e ao assanhamento piscante
das estrelas,
para não me
esquecer
do quanto sou
pequeno
diante da incomensurável
imensidade
das coisas que há,
sem meu fausto
olhar,
e de que tudo
– até as minhas mais
profundas dores –
um dia,
não passará de ecos
perdidos
num infinito mar de átomos
rearranjados,
onde o único
espetáculo que haverá
será ao ocaso
do frio apagamento,
sem as senciências
da existência
sapiens.
Péricles Alves de Oliveira
P.S. As mesmas estrelas talvez ainda estejam lá.