O tanto que me cabe
O que faço com o amanhecido
que todos podem amanhecer?
Diluído nos sentidos
Muito sobra do que há para saber
O vento — de má vontade — por vezes egresso
acredito, nem ele percebe,
trás-me ao olho o incômodo
d´alma em prosa e verso
O que pertence aos muitos
não passa de olhares e gestos
A mim cabe o tanto que me cabe
Aos outros apenas o que conhecem
Se inúteis, quão inútil seria
a dor transformando
a quem, no alto estando,
nem aos olhos reconheceria
Tudo que há em mim
vasto e tão profundamente nada
nada me deixa sentir a falta de ausências
Não fico. Vou para onde estou