Ode ao incerto
Em certas noites ou dias, olho meu entorno
E sinto um Mundo que gira sem minha autorização
Temer contradições nunca me foi característico
Sei bem que a graça da vida é um capricho do acaso,
Mas às vezes sinto meu entorno tornar-se mistério.
Não se trata de angústia, é um despertar!
E como é bom despertar de uma utopia!
Ver o opaco tornar-se diáfano
Sou um ser solitário, diga-se de passagem
Todos querem ser ouvidos, eu ouço.
Trago em mim uma centelha, só eu a vejo
Vivo em mim as partes do todo que fui,
Ninguém é em absoluto todas as coisas,
Todas as ruas, todas as casas,
Todas as aves e pares de asas.
Não há rumo, mas meu caminho parece tão claro!
Não há um único sentimento que não deixe dúvida
"É ou não é uma alucinação?", perguntam os olhos
"É e não é" responde o coração.
Meu desejo clama por um copo na mesa
E uma discussão acalorada de "ser ou não ser",
Às vezes recebo aquilo que quero
Percebendo que jamais me importaria em perder.
Já fui tantos, nenhum disfarce me cairia bem
Não fosse a humanidade, não seria eu quem sou
Sou parte apartada num quarto qualquer
Vez ou outra repito "Não quero nada de ninguém!"
Embora disto eu não seja a plena certeza
Não escrevo somente para que digam "amém".