Auto-análise
Auto-análise
Eu tenho um cachorro meu amigo,
que é muito mais cachorro do que gente.
É um cachorro que fala o que sente
e fala muito mais do que consigo.
É um cachorro velho e tão antigo,
que vive a correr atrás do rabo.
E de, tão manso, até parece bravo
e, de tão bravo, virou meu amigo.
O meu cachorro é tão cognitivo,
que resolveu se desfazer de mim.
Meu deus do céu como ele é ruim!
Consegue ser pior do que consigo.
Eu tenho um cachorro, meu amigo!
Que late... e que late feito gente.
O meu cachorro é tão inteligente,
que ora fez de mim um inimigo.
Eu tenho um cachorro e não consigo
ouvir o seu latido como um cão.
O meu cachorro é a contradição
entre o que eu faço e o que digo.
Mas sendo ele um cachorro antigo
abana o rabo e me dá razão.