Eu me transfiguro quando faço uma poesia
A realidade estaciona como uma fotografia
O choro fica aprisionado para um novo dia
E se há riso ele se corrompe na melancolia
Eu principio a intempérie num pôr do sol
Gero vento e sacudo as pétalas do girassol
O meu mundo espiritual às vezes é agitado
Não me interessa se lá fora está sossegado!
Eu perco o bom senso neste imenso oceano
A minha aparição pode ter milhares de anos
É meu universo poético e eu esqueço a razão
Engatinho no assoalho da minha imaginação!
Eu me estranho e nem aparento que sou eu
Embrenho num recinto que nunca foi meu
Um passamento que me leva por segundos
Um sequestro que me oculta deste mundo!
Tem dias que eu estou num estado de graça
Saio de mim e vou ver os pássaros na praça
Meus pés pisam e assinalam a areia da praia
Num canto da vida eu deixo o amor de tocaia
A inspiração me tem na grandeza das suas asas
Eu viajo e não tenho hora para voltar para casa
Ela me faz viver num mundo repleto de ilusão
Ás minhas lágrimas incitam a chuva no sertão!
Com facilidade faço o menino deprimido sorrir
E no céu eu vejo a nuvem da tempestade sumir
Consigo tratar as feridas ilimitadas da solidão
Sou eu que traço e quem manda é meu coração
Elimino a crueldade e não olho mais a pobreza
A terra inteira é abençoada; há riqueza na mesa
Extermino o ódio e faço do amor uma epidemia
Por favor, não interrompam quem criou a poesia!
Janete Sales Dany
Poesia Registrada na Biblioteca Nacional
Poesia Registrada na Biblioteca Nacional