DESCUIDOS
Tens um encanto
nuvem
com enigmáticas
cores
a que o pássaro-negro
– doente ou
acidentalmente –
veio a amar;
mas,
em um horizonte
distante,
eu já havia
aprendido,
à custa de penas,
que todo
ouro
é por demasia
tolo,
e que todo sonho
incauto
desfaz-se, em angústia
e dor,
diante
das coleções
de imagens,
das verborragias
ominosas,
e das pedras
de tropeço.
O que eu ainda
não consegui
aprender
foi como
deixar de
te amar,
antes que
me morra
nu,
sem mais nenhuma
pena para
voar.
Péricles Alves de Oliveira