As Correntes

Desde que chegara ali não havia percebido,

Mas estava acorrentado.

Talvez por sempre ter estado assim,

Até ali jamais havia percebido.

Sempre fora assim.

Desde sempre.

Haviam tantas correntes,

De tamanhos,

De espessuras,

De Materiais,

E até de cores diferentes.

Ele nunca notara, até então, como sempre estivera preso

Ao Ego,

Ao Medo

Às Pessoas,

À Vida,

À Família,

Aos Amigos

Ao Eu.

Ao Seu Eu.

Preso em seu próprio Mundo.

Acorrentado ao seu próprio Deus.

Sujeito a Si mesmo.

Aprisionado à sua Loucura.

Selado em sua doença.

Trancado em sua obsessão.

Acompanhado de sua escuridão.

Perseguido por suas máscaras

Mas sempre esquecido pelo seu Eu.

Suas correntes estavam com ele à tanto tempo,

Que de tão acostumado a elas já estava,

Que elas passaram a fazer parte de seu Eu.

Simplesmente estava habituado

À seu singelo tormento.

Fosse como Fosse

Aquelas eram as correntes,

As corrente que jamais o abandonaram

As correntes que sempre o acompanharam

As correntes que sustentaram o seu Eu.

Aquelas eram as correntes do seu Eu.

Victor Said ss
Enviado por Victor Said ss em 06/01/2014
Código do texto: T4638993
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