Somos todos e nenhum.

Banho-me numa linguagem fluida e profusa

Permito-me a mais completa excitação

Em meus poemas, sou a minha própria musa

Empresto a minha alma à criação.

Sou tão vasta quanto o universo

Nunca escreverei o último verso

Estou imersa em mim mesma

E vago tão lenta como uma lesma.

É segredo tudo o que sinto.

Enquanto provo desse vinho tinto,

Ando cheia de ideias vagabundas

A respeito de heterodoxias profundas

Sou tão diferente e tão igual

A todos, e a você em especial

Sou tão singular e comum

Somos todos e nenhum

Não tenho muito a dizer

Já divaguei outrora sobre o não-ser

Agora me ocupo da existência

Que é a mais pura imanência...

Vou-me despedir sem pestanejar

Já falei o que tinha de expressar

Agora, ficarei em tenebrosa quietude

Degustando essa digerível finitude.