PRISÃO CIRCULAR

 
Dos tempos em que eu
supostamente
fosse mais feliz
(ou menos infeliz),

aquela tecelã de imagens,
com insolentes alvas
que minhas sombras
iriam matar,

andou passando
e passarando
por aqui

a romper os horizontes
com falsas chaves
de ouro,

a fechar os céus
com vesanias
bipolares,

a alvoroçar o mar
com egolatrias
abissais,

a vazar pela boca
cantos de ave
mansa

e a transpirar pelos poros
fedores de merdas
em outros cantos
defecadas.

A um ponto,
quando mais a tola besta
pensava se limpar lambendo
as próprias chagas,

saí da tocaia,
virei sua face ao contrário,
de modo que ela visse
seu reflexo sombrio,

e mostrei-lhe a jaula circular
que habita,

lançando seu corpo
infesto à pedraria,

e sua alma entenegrecida
de volta ao inferno.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 31/12/2013
Reeditado em 01/01/2014
Código do texto: T4631569
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