Entre o sentir
Assim é a dor
Não a dor que dói
Mas a que corrói
No silêncio da consciência
Uma presciência
Da insignificância de todo saber
Mesmo um anjo saberia
Como é cega a tristeza
E eu entenderia a riqueza
À revelia do pouco
Que há de ser
Toda manhã germina
Cresce em esperança
Até o entardecer
Vela meu sono
Como se fosse o dono
Daquilo que não fui capaz
Imerso
Faço-me compartilhar
Ao lado dos que são
Sub-reptícios
Transeuntes do precipício
À borda do desvão
Tão tarde é tão nada
E a luz enfada
Por sentir que entre o sentir
O que se entendeu
Permanece ausente
E é como se sente
Mesmo na ausência da razão