QUASE NADA

O que sou senão,
Um ponto de interrogação,
Uma canção desafinada,
Uma alma despenada,
Na estrada da errância
            ?
O que sou senão,
Eu mesmo ao avesso,
Pagando um preço,
Que não deva, talvez
           ?
O que sou senão,
Um irmão da ânsia,
Uma ausência,
De lucidez,
Uma tez,
Exposta aos desalentos
        ?
O que sou senão,
A sólida distância,
Da inocência,
Um templo da ilusão,
Senão um tempo ido...
Na imprecisão,
Um poema perdido,
Na curva do vento,
Um quase nada,
Nesse dia cinzento
       ?