(IN)QUIETUDE

Esse não sei para onde vou...
Essa sombra que sou,
Perambulando absorto,
Feito um anjo torto,
Entre o inferno e o céu,
Esse desassossego,
Esse mar sem porto,
Esse vento a naufragar,
O meu barquinho de papel,
Esse estranho apego,
À instigante loucura,
Essa ânsia de liberdade,
De ser, de mim mesmo, senhor,
Esse ego questionador,
Causador de tantas rupturas,
Entre criatura e criador,
Essa densidade,
Ante o meu poético olhar,
Essa vontade de gritar,
De sair desse tom baço,
De dar asas aos meus passos,
Dizer para alma flua...
Dance, se desnude para a lua,
Num resplandecente compasso.
... Ah! esse eu discreto, objeto direto,
De um mundo concreto,
Mesmo inquieto; nada faço.