O Pulo do Poeta
Caminho todos os dias pelo Vale da discórdia
Uma palavra nunca concorda
De mim nascer, sem antes testar o meu querer...
Sem antes duelar com seu poder...
Descalço, palpo léguas rumo a trégua
Convoco anjos e demônios
Dentro de mim estão – aos gritos – Insanos
Sempre em silêncio, sou entregue a inspiração
Diante do penhasco da loucura
Me resta pular – Ao prazer ou ao fracasso
Sem receio do fim, barganho meus braços
Ouço zombaria, são palavras de agouro
Eis fantasmas sem espíritos e...
Vieram encorajar meu suicídio
Persuadindo meus ânimos (abutres corvos)!
Quanta quimera sem jazigo
Quanta verdade correndo riscos...
Mortalhas de palavras em vão, fazem muralha
Ou pulo, ou de verdade perco o sentido
Em nome do verbo poetar, saúdo a coragem
Finalmente pulo...
Meus pés sentem o ar,
Por falta de palavras não precisam caminhar
Pulei, e com asas voei
Engana-se quem pensa que me entreguei...
Estou no céu, da boca poetisa
Salvo palavras da garganta negra
Precipício funesto de queda dantesca
Todos os significados, estão volitando comigo, a salvo!
Do alto ou altares
Avisto o campo belo,
Meu jardim de lírios não são eternos
Mas meu lirismo és para sempre terno.
Este é o fim de um poeta – Pular
Para o encontro do eterno começo...