Sobre o precipício

Eu escuto, ela vem me falar. O que poderia ser? Acendo um cigarro, então continuo essa autoterapia mental. Entre idéias amargas e insônia, qual seria o limite de minha sanidade?

Ainda procuro mansamente, como um animal acuado. Nada tenho, mais que uma solidão aguda, que consome amargamente. Como o pavio de uma vela.

Vago mantido apenas pela existência. Uma interpretação de uma grande abadia espetacular. Sou espalhafatoso, um vírus ao ecossistema naturalista. A verdade cruel, é que sou apaixonado por tentação, ou melhor, pela sensação. A dor causada a mim, prazerosa. A dor levada aos outros, arrogante forma de alimentar a fogueira de minhas paixões.

Não sou sábio, pois o sábio anda no caminho da prudência. O que seria eu então? Estou a buscar a resposta dessa sentença, porque até onde sei, sou forasteiro de minha cidade. No espelho eu enxergo minha danação permanente, pela causa branda, há não busca por salvação...

Estou atento, porém confesso que lentamente. A negação a ouvir meu coração, foi um ato genuíno. A ação de ignorar o que meu espírito deseja, está sim foi um crime contra a lei de minha consciência. Uma mentira poderia ser o alicerce de minha vida? Se hipoteticamente fosse, a quem ela seria endereçada?

A intensidade de meus erros se volta contra mim. Tudo o que um dia foi feito sob qualquer intenção, têm seu retorno perante a lei do Universo. Colherei a semeadura da ganância, de provar-se ser forte a um grau que ultrapassa a medíocre normalidade.

Só um leve sopro é suficiente para alterar o curso da minha vida mortal. A incapacidade ordinária humana, frente a seu próprio destino, nos torna tão frágil, quanto uma bela porcelana quebradiça. Tudo sabemos, e doravante não possuímos bens, além da idolatria egocêntrica. A maré de desolação, não pode se sobrepor a uma estaca fincada de modo profundo; então por que não encontro meu lar?

Perdi a inocência, assim foi-se a pureza. Deixei vagar minha alma ingênua sem proteção. Saí da trilha, em busca de algo além da minha percepção, de que o mundo não pode ser conquistado por apenas um homem.

Earhuon
Enviado por Earhuon em 18/12/2013
Código do texto: T4617355
Classificação de conteúdo: seguro