Dialética obscura
Sob a luz da razão, estou eu
A vagar numa dialética obscura!
Uma voz sepulcral sussurra:
A morte definitiva do que é meu...
O ter se dispersa no nada fatal
E o vazio das palavras se arrasta
A existência também nos afasta
Da verdade que é o abismo mortal
Minh' alma já conformada e plácida
Com os mistérios insondáveis
Deita-se no leito dos miseráveis
Na condição de espectadora ácida
Uma impressão, às vezes, me faz cética
Ou me conduz a uma terrível incerteza
Não me limito às questões de ética
Mas investigo a natureza.
Talvez a realidade seja feita de ilusão!
Quem sabe seja a sua natureza fundamental...
A substância ilusória ou virtual
Com a qual se faz a criação!
Joguemos os dados, um lance hipotético...
Talvez haja um mundo sutil e energético
Que perfaça este universo material
Ou tudo se resuma a um vazio abissal.