ESTIO

O poeta diz que perdeu
a capacidade de chorar.
Seus olhos estão secos
como se em permanente estio.

E ele me diz que
sem lágrimas não há poesia:
lágrimas de tristeza ou de alegria,
lágrimas de emoção, de indignação.

Penso que há poesia na sobriedade
e discordo em parte do poeta.
Há poesia até no não ter o que dizer.

Há poesia no silêncio das masmorras
ou na algaravia dos bailes.
Há poesia:
urge saber procurá-la!